Voltando pra casa




Entre Cusco e Lima, acabei de ler "O livro do riso e do esquecimento". Volto a me separar do amigo Kundera, quem agora considero mais, apesar de sua literatura ainda me parecer um pouco aburrida e pretenciosa.
Volto para o louco Sal Paradise e seu companheiro Dean Moriarty, Jack Kerouac em sua melhor forma.
Um pouco de poesia beat para me manter em busca na vida.
Bienvenida chica!

"E por um instante alcancei o estágio do êxtase que sempre quis atingir, que é a passagem completa através do tempo cronológio num mergulhar em direção às sombras intemporais, e iluminação na completa desolação do reino mortal, e a sensação de morte mordiscando meus calcanhares e me impelindo para a frente como um fantasma perseguindo seus próprios calcanhares, e eu mesmo correndo em busca de uma tábua de salvação de onde todos os anjos alçaram vôo em direção ao vácuo sagrado do vazio primordial, o fulgor potente e inconcebível reluzindo na radiante essência da Mente, incontáveis terras-lótus desabrochando na mágica tepidez do céu"
"...Percebi ter morrido e renascido incontáveis vezes, mas simplesmente não me lembrava justamente porque as transições da vida para a morte e de volta à vida são tão fantasmagoricamente fáceis, uma ação mágica para o Nada, como adormecer e despertar um milhão de vezes na profunda ignorância, e em completa naturalidade. Compreendi que somente devido à estabilidade da Mente essencial é que essas ondulações de nascimento e morte aconteciam, como se fosse a ação do vento sobre uma lâmina de água pura e serena como um espelho. Senti uma satisfação suave, serpenteante como um tremendo pico de heroína numa veia principal; como aquele gole de vinho que te traz um arrepio de satisfação num fim de tarde; meus pés se arrepiaram. Pensei que ia morrer naquele exato instante. Mas não morri e caminhei uns sete quilômetros, catei dez longas baganas e as levei para o quarto de Marylou no hotel e derramei os restos de tabaco no meu velho cachimbo e o acendi. Eu era jovem demais para perceber o que havia se passado. "

J. K.





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